quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CGTB derrota a fraude e realiza vibrante VI Congresso em SP



825 delegados de 15 estados aclamaram Ubiraci Dantas (Bira) presidente da central


Após quatro meses de intenso debate interno, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) realizou o seu VI Congresso na última sexta-feira (4), na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Com a participação de 825 delegados de 15 estados, o Congresso conclamou todas as entidades filiadas à CGTB a “Ocupar as ruas pela redução dos juros, por mais empregos e desenvolvimento”. 

“No Brasil, os monopólios e oligopólios querem impor sua agenda de juros altos e câmbio flutuante, que atraem uma enxurrada de dólares para o nosso país, sobrevalorizando o câmbio e desnacionalizando a nossa economia”, afirmou o metalúrgico Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), eleito presidente da Central. 

“Nos seus 25 anos, a CGTB sempre se pautou na luta em defesa da Pátria e da soberania. E no momento que o Brasil mais precisa da unidade dos trabalhadores, um pequeno grupo tentou dar um golpe na Central. Mas, a CGTB vai sair deste congresso mais fortalecida para lutar pelo desenvolvimento nacional, por aumento real de salários, em defesa do pré-sal, pelo fim do fator previdenciário, contra a terceirização na atividade fim e dar continuidade à luta de Tiradentes, de Getúlio e do companheiro Lula”, acrescentou Bira. 

O presidente eleito da CGTB destacou que o VI Congresso “ocorre em um momento muito especial no Brasil e no mundo inteiro, com a explosão da luta dos trabalhadores que, junto com a juventude, têm tomado às ruas do Chile, Portugal, Espanha, França e Grécia, contra o corte de investimentos, corte de direitos para locupletar os bancos e as tentativas de privatizações”.

O VI Congresso da CGTB foi convocado inicialmente para ser realizado entre os dias 7 e 9 de julho, no Moinho Santo Antonio, na capital paulista. Porém, um dia antes o então presidente da entidade, Antonio Neto, mudou o local para um hotel, contrariando o Estatuto que prevê que os congressos devem ser marcados com pelo menos dez dias de antecedência.

O juiz Luís Mario Galbetti, da 33ª Vara Cível de São Paulo, anulou o congresso do Moinho Santo Antônio e a reunião paralela no Hotel Holliday Inn, prorrogando o mandato da diretoria e determinando a realização de um novo Congresso em 30 dias, a partir de 9 de setembro. Como não convocou o congresso, conforme determinação judicial, o ex-presidente foi afastado da direção da Central, assumindo o 1º vice-presidente, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), que cumpriu a determinação judicial e providenciou a realização do congresso. Tal qual ocorrido em julho, o ex-presidente fugiu do debate. 

Neto ainda tentou um efeito suspensivo no Tribunal de Justiça de São Paulo, mas teve o pedido negado pelo desembargador Salle Rossi, da 8ª Câmara de Direito Privado.
A avaliação unânime dos dirigentes das entidades filiadas à CGTB é de que, resolvido o problema de sua diretoria, a luta vai avançar e a CGTB vai crescer. “Se fez Justiça com a destituição do Antonio Neto da presidência para que o Congresso finalmente fosse realizado”, sublinhou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Instalações Elétricas do Rio de Janeiro, Ernesto Afonso, eleito 1º vice-presidente da CGTB. 

PURIFICAÇÃO

“Após um processo de purificação, a eleição da nova diretoria vai demandar o que a base quer, que é uma entidade de luta pelo desenvolvimento, de apoio à indústria nacional e contra os juros altos”, observou o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Ijuí-RS, Carlos Alberto Litti Dhamer, eleito vice-presidente. 

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de Alagoas, Sérgio Cabral, eleito 1º secretário, “está reafirmada a vontade do trabalhador, que derrotou a fraude. Agora estamos livres daquelas pessoas que queriam se dar bem”.

“Estamos preparados para travar os duelos políticos em defesa de uma CGTB de luta”, declarou o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Distrito Federal, Romilton José Machado, eleito secretário de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários no Estado do Espírito Santo (Aquasind), Antenor José da Silva Filho, ressaltou a criação da Secretaria do Aquaviário e Agenciamento Marítimo na executiva nacional. Além desta, foram criadas outras secretarias, como a de Movimentação de Mercadorias, que será comanda por Aparecido do Carmo Mendes, que preside o sindicato da categoria em São Paulo. 

A metalúrgica Cida Malavazi lembrou a trajetória da CGTB para que os departamentos femininos fossem organizados nos sindicatos e o histórico congresso realizado em 1986, no Anhembi, com mais 5 mil delegadas da cidade e do campo, feito inédito em todo o mundo. Eleita secretária da Mulher Trabalhadora, Cida homenageou as dirigentes sindicais e fez uma convocação para que todas participem das conferências estaduais de saúde e das conferências pelo trabalho decente.

“Estamos aqui com o gosto da vitória. Estamos com Bira presidente, para seguirmos nossa luta pela redução da jornada para 40 horas semanais, mais empregos e igualdade de oportunidade entre homens e mulheres. Vamos à luta”, defendeu a presidente do Sindicato dos Vestuários de Feira de Santana, Jussara Lopes, eleita 1ª secretária da Mulher Trabalhadora.

FORÇA LULA

Na abertura, logo após a execução do Hino Nacional, foi exibido um filme em homenagem ao ex-presidente Lula, desejando força em sua recuperação. Além de dirigentes sindicais, a abertura do congresso contou com a participação de representantes de entidades do movimento popular. “Aqui está o que o Brasil tem de mais representativo, combativo, sério e responsável, que esteve ao lado de Lula e agora está ao lado de uma mulher, a Dilma. 

A CGTB tem compromisso com o povo. O Bira nasceu preparado para essa missão porque nasceu para a luta e os embates”, disse o presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), professor Eduardo de Oliveira. Também fizeram uma saudação ao VI Congresso a secretária-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), Michelle Bressan; a vice-presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Lídia Correa; e o presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues.

Ao final do evento, foi aprovada por unanimidade a “Carta do VI Congresso aos trabalhadores e à nação brasileira”. Em um dos trechos do documento, a CGTB diz que “a hora é de ampliarmos nossas mobilizações no Banco Central e prepararmos uma paralisação unitária no dia da reunião do Copom, como foi proposta na última manifestação junto com a Fiesp contra os juros” (ver a carta ao lado).

O congresso foi encerrado com uma passeata, que contagiou o Centro da capital paulista.
ADEMAR COQUEIRO e ANDRÉ AUGUSTO

Fonte: Jornal Hora do Povo

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